Nossa Senhora do Pilar aparece por bilocação a São Tiago Maior e faz a promessa da igreja que será preservada até o fim do mundo

Origem da devoção

A história de Nossa Senhora do Pilar, uma das invocações marianas mais veneráveis da Igreja Católica, está profundamente ligada às origens do cristianismo. Segundo a tradição, essa devoção representa o título mais antigo conferido à Virgem Maria, atuando como um elo simbólico entre os primeiros dias da evangelização e a fé atual.

A devoção a Nossa Senhora do Pilar começou no século I, um período de intensa pregação apostólica após a Ascensão de Jesus. Conforme a ordem de Cristo, os apóstolos se espalharam pelo mundo para divulgar o Evangelho. A missão de evangelizar a Hispânia romana, hoje conhecida como Espanha, foi dada a São Tiago Maior, irmão de São João Evangelista e um dos discípulos mais próximos de Jesus.

A jornada de São Tiago, no entanto, foi cheia de grandes desafios. Relatos católicos indicam que ele enfrentou forte resistência e perseguição por parte dos povos ibéricos, o que o deixou profundamente desanimado e com a sensação de fracasso em sua missão. Esse desespero de São Tiago é o cenário para a intervenção de Maria, atuando como uma resposta providencial a uma primeira crise apostólica, vista assim como um ato estratégico para fortalecer a missão evangelizadora.

A aparição de Maria através de sua bilocação

A tradição sustenta que, em 2 de janeiro do ano 40 d.C., enquanto São Tiago orava com seus discípulos às margens do rio Ebro, em Cesar Augusta (atual Saragoça), ele ouviu vozes de anjos cantando e viu, então, Nossa Senhora:

A Virgem Maria, rodeada por milhares de anjos, apareceu-lhe sobre uma coluna de mármore ou jaspe. E diferente de outras aparições marianas, que ocorreram após a Assunção de Maria, esta aconteceu enquanto a Virgem ainda estava viva em Jerusalém. Ela estava em dois locais ao mesmo tempo, através de uma bilocação, vindo a ser esta aparição a primeira manifestação visível e corporal da Virgem Maria.

                                                                 Fonte: Wikipedia Commons

Assim, Nossa Senhora demonstra sua participação ativa na missão da Igreja desde seus primórdios.

A construção da igreja e sua promessa

Durante a aparição, a Virgem Maria consolou São Tiago e lhe deu a missão de construir uma igreja em sua homenagem naquele local, usando o pilar sobre o qual ela estava sentada como a base do altar.

Nossa Senhora prometeu ainda que aquele pilar e a fé cristã "irão perseverar... até o fim do mundo"

Com a ajuda de oito recém-convertidos, São Tiago começou a construção de uma pequena capela antes de voltar a Jerusalém, onde seria martirizado. A capela, dedicada a Santa María del Pilar, é reconhecida pela tradição como o primeiro templo mariano da história.

Da capela à grande Basílica

A história do santuário é uma sucessão de construções e reconstruções que refletem o crescimento da devoção. A capela original de São Tiago deu lugar a outros templos à medida que a devoção se expandia. O local já atraía peregrinos de toda a Península Ibérica no século XIII, fato comprovado em documentos como a obra Milagros de Nuestra Señora, de Gonzalo de Berceo.

A atual Catedral-Basílica de Nossa Senhora do Pilar, localizada no centro de Saragoça, é o maior templo barroco da Espanha. Sua construção principal começou em 1681 e só foi concluída em 1872.

A imagem hoje venerada sobre a coluna na Basílica de Saragoça é uma escultura do século XV, feita em madeira dourada. A Virgem é representada segurando o Menino Jesus no braço esquerdo. O fato de que a imagem é uma representação posterior e não a que São Tiago viu, destaca a distinção entre o evento milagroso original e a evolução histórica do culto. O pilar, no entanto, permanece inalterado, um elo físico entre o século I e a fé contemporânea.

A promessa da Virgem Maria mostra-se sempre efetiva, uma vez que:

Durante a guerra civil espanhola, o governo republicano lançou três bombas sobre a basílica, que danificaram algumas partes em seu interior e exterior, mas milagrosamente não explodiram. 

Duas destas bombas, totalmente desativadas, estão em exposição no interior da basílica até os dias de hoje.

Referências: Padre Paulo Ricardo, Sendarium, Catedral de Zaragoza, Associação Devotos de Fátima, Portal Éfeso, Wikipedia Commons@mathcatequista